sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Agora

Miseráveis anjos do mal,
Que de minha cabeça um vaso fizeram,
As porcarias que lá jogaram,
Em adubo se transformaram.

Um solo fértil lá se encontra,
Para as boas sementes cultivar,
Só que agora não acorrentado,
Escolho o que devo plantar.

Foi-se o tempo dos rios secos,
Da rasteira alienação.
Perdeu-se o cego na multidão,
Já vai longe o anjo da aceitação.

Disseram-me que era água doce,
Salgada foi a que me impuseram.
Meu corpo mal nutrido conseguiram matar,
Mas minha garganta continuará a lutar.

José Roberto Alves de Albuquerque
1984

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