sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Flores de Marcela

Foram lançados nacionalmente, pela ONG Estação da Luz, dois belos documentários sobre crianças com anencefalia, e sobre esse assunto tramita no Supremo Tribunal Federal a ADPF 54, que demanda a possibilidade de aborto nesse caso. Os filmes já fazem muito sucesso no Youtube. Quem foi Marcela? Marcela foi uma anencéfala que viveu um ano e oito meses, apesar de nas audiências públicas da ADPF 54 terem tentado afirmar ter ela outra deficiência, o que justificaria a sua sobrevivência. Todos os diferentes exames, solicitados por todos os seus médicos, coincidem no diagnóstico, como consta nos laudos e no atestado de óbito: anencefalia. Em Flores de Marcela sua mãe questiona os médicos que nunca a viram e a chamam “vegetativa”: “Marcela não gosta de laranja. Se coloco laranja em sua papinha, ela cospe. Também não gosta de beterraba”. A menina ouvia, percebia a presença da mãe, agitando-se em sua ausência. Era uma das suas formas de comunicação. Marcela foi muito amada. É difícil a situação da gestante que sabe que o filho possui uma grave deficiência. Mas o aborto não é “solução”. As mães que deixaram o filho nascer mostram uma relação positiva com essa criança, recordada com amor. Têm a consciência tranquila de ter dado todo o carinho que podiam. Já o aborto deixa sequelas, físicas e psicológicas. É o que nos mostra o forte depoimento no documentário “Quantos ‘eu te amo...? Eu teria ouvido em 15 minutos”. Essas mães necessitam apoio para a aceitação serena do filho, e não ajuda para sua eliminação. O direito à vida é o mais fundamental dos direitos humanos, e cláusula pétrea da nossa Constituição. Se a vida é curta ou frágil, a pessoa tem igualmente dignidade. Portanto, é fundamental refletirmos o que queremos para a nossa sociedade, para o nosso futuro, para os nossos filhos. Queremos uma sociedade que acolhe e protege os mais frágeis, ou uma que os elimina?
LENISE GARCIA Profa. do Inst. de Biologia da Universidade de Brasília e pres. do Movimento Brasil sem aborto
25 Ago 2009 - 01h54min
Jornal O Povo

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Encontro com Jesus - Autocontrole

Como parte do processo de evolução intelecto-moral, em nossas vidas seguramente haverá situações críticas, algumas com grave ameaça a nossa integridade física, emocional ou moral. Faz-se imperativo, pois, estarmos preparados para tais momentos, para que o equilíbrio prevaleça diante das vicissitudes.

O autocontrole - na visão da "Inteligência Emocional" - é uma capacidade de controlar e redirecionar impulsos e estados de espírito perturbadores. Nas situações nuviosas, faz-se condição essencial para a manutenção da harmonia interior, facultando o enfrentamento dos desafios e a superação das crises.

Lembremos sempre Jesus que, conforme a resposta à questão 625 de O Livro dos Espíritos, "para o homem representa o tipo de perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na terra".

Achava-se o Dileto Amigo nas suas últimas horas de vida na terra, tendo ido ao Monte das Oliveiras para aguardar os momentos de pungente dor que se sucederiam e, na companhia de seus discípulos, buscava a oração, a vigilânica, em Comunhão com Deus. De acordo com o evangelista Lucas, ajoelhou-se e orou. Portador de incomparável presciência, já antevia o sofrimento excruciante que lhe estaria reservado: a traição do amado amigo Judas, a prisão violenta pelos guardas do Templo de Jerusalém, a injustiça a que seria submetido em três tribunais corrompidos e ilegais, o abandono dos discípulos, as calúnias e as ofensas vociferadas por perseguidores cruéis, as dores da flagelação com o consequente choque hemorrágico, e a morte por asfixia numa cruz infame. Segundo Lucas (que era médico), Jesus agonizava nesse momento crucial, e sofria uma abundante transpiração misturada em sangue: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra" (Lucas, cap, 22-24).

A ciência médica possui estudos desse fenômeno - a hemohidrose - no qual ocorre uma rotura dos vasos arteriais que suprem e envolvem as glândulas sudoríparas, causando a combinação da transpiração com o sangue proveniente das arteriolas rotas, tendo como causa uma severa descarga adrenergética na circulação sanguínea.

Malgrado, Jesus apresenta-nos inolvidável exemplo de autocontrole e superação. Sobrepujando um estado físico já muito comprometido pela própria hemohidrose, buscou na prece a Comunhão com Deus, e corajosamente levantou-se em direção da superação dos ásperos momentos que se seguiram: apresenta-se aos seus perseguidores impiedosos, docilmente cumprindo as injustas determinações das autoridades locais, protege os seus discípulos de uma condenação semelhante, controla uma iminente revolução por parte do povo que O amava e O defenderia em Jerusalém, aceita humildemente o flagrun e a crucificação, na hora derradeira confortando seus amigos e perdoando aos agressores, por fim doando a própria vida para alcançar e conquistar o coração enregelado de seus verdugos, e de toda humanidade.

Porquanto, nas pelejas árduas de nossas vidas, deixemo-nos arrebatar pelo Cordeirinho de Deus, para que a Sua vida sirva-nos de inspiração e de bússola para a manutenção do autocontrole que logra a vitória do bem. Um abraço fraternal do seu amigo Fabiano Nunes.